sábado, 31 de julho de 2010

Lua Cheia

Lua cheia,
Lua bela,
Reinas absoluta
Na escura noite.
Em teu reino feminino,
As estrelas,
Súditas e humildes
Cintilam ornando
O manto da noite
Que te envolve.

Lua cheia
Lua sedutora
Cúmplice dos enamorados.
De quem és inspiração.
Sob teu argênteo brilho,
Lânguidos suspiros,
Juras e promessas
Exaram.
Tu, Lua és
Cúmplice dos pactos de amor,
No ensaio sensual e de sedução.

Lua cheia,
Lua misteriosa,
Que aos lobos
Incitas melancólica influência.
Tristes uivos
A ti dirigem,
Confiando-te segredos
Das mais íntimas dores

Lua cheia,
Lua indomável.
Que influência exerce
Nas águas
Deixando o mar revolto
Diante de teus caprichos

Lua cheia,
Lua má.
Roubas a paz
Dos desorientados
Que padecem enlouquecidos
Será de raiva,
De amor,
Ou de desilusão?
Não é
À toa
Lua,
Que mesmo
Sendo linda,
Vives
Na solidão

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crianças da rua

Pequenos que têm a rua como lar,
As calçadas como leito
Coração a soluçar por abandono
descaso e desprezo.
Mãos estendidas,
Olhos a rogar migalhas de amor
Pequenos que não têm direito a sonhar
Os sonhos pequeninos
Que gostariam de ter.
Meninice açoitada
Por medonhos espinhos
Da realidade cruel.
Ninguem canta para lhes ninar
Nem contam histórias para lhes alegrar.
Tampouco se comovem do pranto
Que lhes rola na face.
Olhos tristes, bocas famintas.
Corpos franzinos de andrajos cobertos.
Almas penadas
A vagar sem alento
Têm o semáforo como "point"
Em espetáculo patético
Contra-gosta arrancam
Dos seus espectadores
Parcos trocados
Que nenhuma migalha
É capaz de pagar
O necessário alimento
Para a fome aplacar
E jazem de inaninção.
Pequenos que têm
A alegia roubada
e a felicidade perdida
Sem norte e sem guia
Que futuro terão?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bem me quer, mal mequer...

Bem me quer
Que seja feliz
Que sorria
Cante e encante
Com histórias alegres
Os jardins dos miseráveis
Sedentos de alegria e de amor.

Mal me quer
Que seja triste,
Que sofra e chore
Do conto triste
Dos bosques dos opulentos
Que tudo têm e nada partilham
Que mergulham
Afogando-se,
Gulosamente, na fartura
Que sofregamente
Aquinhoam aos cofres
Deixando escapar, contudo,
Carências
Das preciosas jóias
Do coração.

Bem me quer
Que ame e guarde
Com muito carinho
Todo ser pequenino
Todo querido irmãozinho
Que possa alcançar.

Bem me quer
Que viva
A infância esquecida
Nas gangorras dos parques
Nos jardins do colégio
No aconchego do abraço.

Mal me quer
Que lembre as dores
Dos dias trevosos
Do medo da ameaça
Da guerra
Assombrando a paz.
Do pesadelo
Da morte
Que friamente da vida,
Se acerca.

Bem me quer
Que um dia
Toda esperança de vida
Seja tão verdadeira,
Toda verdade certeira
A levantar todo homem
Do túmulo da ignorância
Se despir da arrogância
E se compor
De bondade, de luz
E simplicidade.

Edina Smith Belém (PA.), 27/7/2009.

sábado, 3 de julho de 2010

Besourinhos dourados

Quando criança, como todas as de minha idade
Gostava muito de brincar
De roda, bom barqueiro,
Cemitério, bandeirinha, bole-bole,
Pai Francisco e principalmente pira - esconde.
Esconder-nos nos terrenos baldios próximo de casa
Tinha sabor de aventura por aproveitarmos para
Colher as “lágrimas de Nossa Senhora”,
Os frutos do mucajá, jogar pedra para tirar manga,
E, sem querer, lá uma brincadeira emendava na outra.
E cada dia tinha sabor de aventuras inéditas.
Em meio às caçadas, caminhando entre as “anáguas de noiva”
Colhendo as suas flores perfumadas,
Escondidos em baixo de suas folhas
Pequeninos besouros dourados
Aos nossos olhos eram pequenos tesouros.
Alguns pareciam de ouro
Outros verdes furta-cores
Ora verde, ora azul e algumas vezes marrom.
Os terrenos, hoje ocupados por prédios.
Acabaram as aventuras, sumiram as árvores
E os jardins dos besourinhos.
Olhando Sobre os telhados, o mato molhado
Pela chuva da manhã
Uma alegria trouxe de volta
O que parecia apenas lembrança
Cintilando entre as folhas,
Confundindo-se com as gotas
Que refletiam a luz do tímido sol,
As pequenas jóias douradas,
Fazendo-me, por um instante, reviver
Lembranças de experiências,
Em cenas quase esquecidas,
Os besourinhos, praticamente lendários
Invadindo minha alma de alegria
E saudade da criança que fui.

Edina Smith Belém (PA), 13/04/2008

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Tudo passa

Passa, passa gavião
Passa o dia, vem a noite
Passa o boi, passa a vaca
Passa o monte e o vale
Passa o rio sob a ponte
Passam as casas e a igreja
Também passa o campo santo.
Passa tudo bem de pressa.
Soprando passa o vento
Igual a um tambor batendo
No ouvido de quem
Olha do trenzinho
Que sobe e desce nas colinas.
Diante dos olhos
Da menina sonhadora
Que se perde fascinada
Com a beleza dos pomares
Com as cores dos lugares
Com a ciranda das crianças
Com a fumaça do trenzinho
Que viaja ligeirinho
Transportando a esperança

Inusitado

Como se portar diante do inusitado?
Como conduzir relações com pessoas
Cujas ações são diferentes,
Que muitas vezes apresentam idéias
Ostensivamente opostas
Aos padrões e rótulos
Comumente aceitos?
Desligar-se desse “problema”,
É tentar calar
O que a consciência não consegue esconder.
É covardia.
É fugir ao compromisso moral
De colocar ordem nas coisas
Sem criar estigmas,
Sem discriminar ou marginalizar.
Desligar-se do problema
É, antes de tudo,
Deixar de crescer com ele.
É faltar com o respeito e com a caridade.
É truncar o aprendizado
É obstar saídas e soluções.
Diante do inusitado
Há duas situações óbvias:
Ou se cresce e amadurece
Ou se é esmagado por incompetência
Nunca por incapacidade.
E cruel é admitir
Que aí se faliu.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ordem natural

Vida
Centelha
Que anima todo ser
Condição de se sentir,
Perceber, existir...
Oportunidade de evolução
Partindo do que era
Passando pelo aprendizado continuo.
Viver é mais que simples arte.
É aproveitar experiências,
Cada fração de tempo
Com pouca ou muita sabedoria
Dentro de possibilidades
Da maneira que se é capaz
Mas nunca só.
Convívio
Instrumento
Das potencialidades morais
Intelectuais e espirituais
Impulsionadas pelo amor
Fermento do aperfeiçoamento.
O que contrário for é erro
E o erro é superável.
Com permissão da Lei Suprema,
Ordenamento regulador da vontade
Determinante de causa e de efeito
Ação e reação
De reparação
Edina Smith Belém (PA), 29/05/2010.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A vida é bela

A vida é bela!
Pulula, vibra, toca
Instiga aos sentidos
Através dos sons, das cores
De sensações, emoções...
A vida é bela
Embora haja muita desarmonia,
Apesar das guerras, fome, desigualdades...
Fatos que os sentidos grosseiros conseguem notar.
Há por traz de tudo
Um significado maior,
Mais profundo e verdadeiro.
Todo tempo a mostrar
No o sol que nasce cada dia,
No brilho das estrelas
Que cintilam na imensidão de trevas;
Na chuva bondosa,
Que traz esperança de fartura;
No puro sorriso,
Na amizade sincera...
Há em cada sonho ou ideal,
A expectativa, a ânsia de viver
Acreditar no por vir
Fazendo-nos entender
Que vale a pena insistir
Por que a vida é bela.

domingo, 27 de junho de 2010

A garça

Na Batista Campos
Mangueiras frondosas,
Salgueiro saudoso,
Samaumeira majestosa.
Um cenário de beleza e encanto.
Na chegada dos alegres pássaros
Vindos de todos os cantos.
Reunidos num grande encontro.
O frenético fuxico de sabiás e periquitos.
Em meio a tanto ruído
Nem parece que ali está
Orgulhosa garça.
No lago da praça,
Nem olha quem passa.
Só tem olhos para o peixe
Que nada no lago.
Sem se importar com a gente apressada
Que também nem parece notar
A garça branquinha
Que pesca no lago da praça.

Edina Smith Belém (PA), 5 / 3 /05.

Olhar de Carol

Vi um rosto diferente
Vi um rosto indiferente
Apenas uma face
Assemelhando-se à máscara que
Quando ri, parece chorar
Quando chora, parece sorrir.
Chora e ri de forma igual.
Que dor ou sofrimento
Parece esconder?
Que prazer ou alegria
Parece ocultar?
Mais se parece a um boneco
De única expressão.
Somente uma grande alma
É capaz de decifrar o enigma da face
Que apenas com os olhos
Consegue falar
O que se oculta
No coração.


Edina Smith Belém (PA.), 27/4/09.

Divagar

Pensar, criar, sonhar...
Idéias que nos vêm à mente
Atiçando a imaginação.
Vivendo, sentindo...
As coisas que brotam do coração
A alma ansiosa busca longe,
Bem longe
Alçando voo em direção ao infinito
Tentando encontrar
Respostas às perguntas inquietantes
Que não consegue explicar.
Mas para tudo na vida
Há uma razão de ser e de existir
É possível que encontre
O verdadeiro motivo
No tempo e espaço
Ocultos sonhos, experiências
Encontros passados, presentes, futuros.

Edina Smith Belém (PA),9/4/08.

sábado, 26 de junho de 2010

De repente, adolescente

Na infância tudo é graça,
Sonho doce e sereno.
Formigas são soldadinhos.
As nuvens, algodão doce
onde a imaginação nos faz viajar,
deslizar e brincar como anjos
sob um céu de ouro que a tudo
faz brilhar.
Não dá para diferençar
a realidade da fantasia.
De dia sonhamos acordados,
à noite sonhamos dormindo
embalados por cantigas
ou estórias da Carochinha,
contadas pela voz de uma fada madrinha
que durante dia inteiro
advinha os nossos pensamentos.
E na hora das broncas
só tem conotação de cuidados.
Pena que dura pouco
e lá se vira uma das páginas
mais coloridas de nossas vidas.
E, quando nos espantamos,
de repente num ponto sem definição.
Nem criança, nem gente grande.
Adolescente!
Esquisito ouvir uma voz que nunca se afina.
Ora grave, ora aguda...
Pêlos, muitos pêlos por toda parte.
Sem falar naquele cheiro esquisito.
Haja desodorante!
Dentes, antes pequenas pérolas,
Hoje, pedaços de marfim
que crescem desordenados
precisando de grampos e ligas
para que fiquem bem organizados.
Pele, antes suave como a do pêssego,
agora é só espinhas.
No que me transformei?!
Colo, hoje? Não posso pedir.
Meus pais parecem que encolheram,
pois gigante me tornei.
Para mim eles assemelham a duas
crianças mandonas.
Todo tempo a me cobrar.
- Dever! Tarefa! Estudar!
Preciso entender melhor
e tentar executar cada orientação
ensinada de coração.
Hoje tudo ficou tão sério.
Diante de tanta transformação,
de tantas mudanças,
tanta responsabilidade,
penso em pedir socorro.
Dá-me vontade de voltar,
se fosse possível,
a ser criança de novo.
Como é que são as coisas.
Antes eu que tanto sonhava
em crescere fic ar adulto...
Agora, com essa possibilidade,
me acovardo e me assusto.
- Como é difícil crescer!
Uma coisa é muito certa,
ainda que cresçamos ou envelhecemos,
nunca deixamos de ser crianças.
E, embora fiquemos mais sérios
ninguém pode negar que coisa boa
é a infância.
Por mais que digam o contrário,
prefiro acreditar que todo adulto
é uma criança crescida.
Um pouco mais vivida,
mas que traz em sua memória
as experiências marcantes
das quais as mais importantes
vêm de quando eram crianças e,
com mais sensibilidade percebiam
a beleza nas mais simples coisas
de toda a natureza.

Edina L. Gomes Smith – 1/4/06.

Saudade










Saudade

Ausência

Vazio

Falta um pedaço que não se sabe de que

Não se sabe de onde vem

Nem onde encontrar a razão de sentir

Deixando a vida incompleta de tudo que se faz

um sentido impreciso,

Uma direção...

Saudade ninguém explica, mas

Todo mundo sente.

Edina Smith

Belém (PA),30 de abril de 2008.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Paz














Oh, Deus!

Se o homem compreendesse que não Fazes diferença entre teus filhos

Sejam eles: negros, amarelos ou brancos...

Veria o quanto é infeliz a atitude de preterir seus irmãos através do racismo

e da discriminação.

Se o homem conseguisse lembrar que Tu és o Criador e Pai de toda a humanidade,

De que aos Teus desígnios todos devem se submeter e somente ao teu chamado atender...

Não mataria, não promoveria a discórdia e nem fomentaria a guerra.

Se lembrasse que a Terra é o lar de toda humanidade e que a natureza é patrimônio

Que deve ser partilhada por todos os seres que nela habitam...

Saberia respeitar toda vida presente e futura.

Se o homem compreendesse da mensagem de Jesus e de seu exemplo...

Entenderia que a paz é possível e não carregaria o peso da culpa

Pela crucificação de todo Inocente que padece em nome da justiça.

O homem só precisa compreender que tem o poder nas próprias mãos

Para fazer a paz acontecer

Cultivando o amor e fazendo todo bem possível.

Basta querer.