sábado, 3 de julho de 2010

Besourinhos dourados

Quando criança, como todas as de minha idade
Gostava muito de brincar
De roda, bom barqueiro,
Cemitério, bandeirinha, bole-bole,
Pai Francisco e principalmente pira - esconde.
Esconder-nos nos terrenos baldios próximo de casa
Tinha sabor de aventura por aproveitarmos para
Colher as “lágrimas de Nossa Senhora”,
Os frutos do mucajá, jogar pedra para tirar manga,
E, sem querer, lá uma brincadeira emendava na outra.
E cada dia tinha sabor de aventuras inéditas.
Em meio às caçadas, caminhando entre as “anáguas de noiva”
Colhendo as suas flores perfumadas,
Escondidos em baixo de suas folhas
Pequeninos besouros dourados
Aos nossos olhos eram pequenos tesouros.
Alguns pareciam de ouro
Outros verdes furta-cores
Ora verde, ora azul e algumas vezes marrom.
Os terrenos, hoje ocupados por prédios.
Acabaram as aventuras, sumiram as árvores
E os jardins dos besourinhos.
Olhando Sobre os telhados, o mato molhado
Pela chuva da manhã
Uma alegria trouxe de volta
O que parecia apenas lembrança
Cintilando entre as folhas,
Confundindo-se com as gotas
Que refletiam a luz do tímido sol,
As pequenas jóias douradas,
Fazendo-me, por um instante, reviver
Lembranças de experiências,
Em cenas quase esquecidas,
Os besourinhos, praticamente lendários
Invadindo minha alma de alegria
E saudade da criança que fui.

Edina Smith Belém (PA), 13/04/2008

Um comentário:

  1. Saudades!!! da simplicidade dessa eterna inquietação
    Hoje geram recordações
    "Pequeninos besouros dourados
    Aos nossos olhos eram pequenos tesouros"
    Uma transparência de nossa infância.
    Adorei!

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