quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Belém do Pará

Belém

Cidade bonita
Do povo hospitaleiro
Da chuva das duas
Da sesta da tarde
Das noites serenas
Da cidade velha
De antigos sobrados...

Das praças mais lindas
Dos coretos e lagos
De tantos encontros...

De gente de todos cantos
Para homenagear, no Círio,
A Nossa Senhora
De saborear açaí, tacacá e
tudo que somente aqui há.

Do Ver-o-peso
De todos os gostos
E todos os cheiros
Das lendas e encantos
Dos igarapés...

Das mangueiras, palcos dos sabiás
Cenário dos periquitos
berço das garças
Refúgio de muitos pássaros...

Não falta lembrança
Mas fogem as palavras
Para revelar os encantos
Que somente Belém tem pra dar.

sábado, 31 de julho de 2010

Lua Cheia

Lua cheia,
Lua bela,
Reinas absoluta
Na escura noite.
Em teu reino feminino,
As estrelas,
Súditas e humildes
Cintilam ornando
O manto da noite
Que te envolve.

Lua cheia
Lua sedutora
Cúmplice dos enamorados.
De quem és inspiração.
Sob teu argênteo brilho,
Lânguidos suspiros,
Juras e promessas
Exaram.
Tu, Lua és
Cúmplice dos pactos de amor,
No ensaio sensual e de sedução.

Lua cheia,
Lua misteriosa,
Que aos lobos
Incitas melancólica influência.
Tristes uivos
A ti dirigem,
Confiando-te segredos
Das mais íntimas dores

Lua cheia,
Lua indomável.
Que influência exerce
Nas águas
Deixando o mar revolto
Diante de teus caprichos

Lua cheia,
Lua má.
Roubas a paz
Dos desorientados
Que padecem enlouquecidos
Será de raiva,
De amor,
Ou de desilusão?
Não é
À toa
Lua,
Que mesmo
Sendo linda,
Vives
Na solidão

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crianças da rua

Pequenos que têm a rua como lar,
As calçadas como leito
Coração a soluçar por abandono
descaso e desprezo.
Mãos estendidas,
Olhos a rogar migalhas de amor
Pequenos que não têm direito a sonhar
Os sonhos pequeninos
Que gostariam de ter.
Meninice açoitada
Por medonhos espinhos
Da realidade cruel.
Ninguem canta para lhes ninar
Nem contam histórias para lhes alegrar.
Tampouco se comovem do pranto
Que lhes rola na face.
Olhos tristes, bocas famintas.
Corpos franzinos de andrajos cobertos.
Almas penadas
A vagar sem alento
Têm o semáforo como "point"
Em espetáculo patético
Contra-gosta arrancam
Dos seus espectadores
Parcos trocados
Que nenhuma migalha
É capaz de pagar
O necessário alimento
Para a fome aplacar
E jazem de inaninção.
Pequenos que têm
A alegia roubada
e a felicidade perdida
Sem norte e sem guia
Que futuro terão?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bem me quer, mal mequer...

Bem me quer
Que seja feliz
Que sorria
Cante e encante
Com histórias alegres
Os jardins dos miseráveis
Sedentos de alegria e de amor.

Mal me quer
Que seja triste,
Que sofra e chore
Do conto triste
Dos bosques dos opulentos
Que tudo têm e nada partilham
Que mergulham
Afogando-se,
Gulosamente, na fartura
Que sofregamente
Aquinhoam aos cofres
Deixando escapar, contudo,
Carências
Das preciosas jóias
Do coração.

Bem me quer
Que ame e guarde
Com muito carinho
Todo ser pequenino
Todo querido irmãozinho
Que possa alcançar.

Bem me quer
Que viva
A infância esquecida
Nas gangorras dos parques
Nos jardins do colégio
No aconchego do abraço.

Mal me quer
Que lembre as dores
Dos dias trevosos
Do medo da ameaça
Da guerra
Assombrando a paz.
Do pesadelo
Da morte
Que friamente da vida,
Se acerca.

Bem me quer
Que um dia
Toda esperança de vida
Seja tão verdadeira,
Toda verdade certeira
A levantar todo homem
Do túmulo da ignorância
Se despir da arrogância
E se compor
De bondade, de luz
E simplicidade.

Edina Smith Belém (PA.), 27/7/2009.

sábado, 3 de julho de 2010

Besourinhos dourados

Quando criança, como todas as de minha idade
Gostava muito de brincar
De roda, bom barqueiro,
Cemitério, bandeirinha, bole-bole,
Pai Francisco e principalmente pira - esconde.
Esconder-nos nos terrenos baldios próximo de casa
Tinha sabor de aventura por aproveitarmos para
Colher as “lágrimas de Nossa Senhora”,
Os frutos do mucajá, jogar pedra para tirar manga,
E, sem querer, lá uma brincadeira emendava na outra.
E cada dia tinha sabor de aventuras inéditas.
Em meio às caçadas, caminhando entre as “anáguas de noiva”
Colhendo as suas flores perfumadas,
Escondidos em baixo de suas folhas
Pequeninos besouros dourados
Aos nossos olhos eram pequenos tesouros.
Alguns pareciam de ouro
Outros verdes furta-cores
Ora verde, ora azul e algumas vezes marrom.
Os terrenos, hoje ocupados por prédios.
Acabaram as aventuras, sumiram as árvores
E os jardins dos besourinhos.
Olhando Sobre os telhados, o mato molhado
Pela chuva da manhã
Uma alegria trouxe de volta
O que parecia apenas lembrança
Cintilando entre as folhas,
Confundindo-se com as gotas
Que refletiam a luz do tímido sol,
As pequenas jóias douradas,
Fazendo-me, por um instante, reviver
Lembranças de experiências,
Em cenas quase esquecidas,
Os besourinhos, praticamente lendários
Invadindo minha alma de alegria
E saudade da criança que fui.

Edina Smith Belém (PA), 13/04/2008

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Tudo passa

Passa, passa gavião
Passa o dia, vem a noite
Passa o boi, passa a vaca
Passa o monte e o vale
Passa o rio sob a ponte
Passam as casas e a igreja
Também passa o campo santo.
Passa tudo bem de pressa.
Soprando passa o vento
Igual a um tambor batendo
No ouvido de quem
Olha do trenzinho
Que sobe e desce nas colinas.
Diante dos olhos
Da menina sonhadora
Que se perde fascinada
Com a beleza dos pomares
Com as cores dos lugares
Com a ciranda das crianças
Com a fumaça do trenzinho
Que viaja ligeirinho
Transportando a esperança

Inusitado

Como se portar diante do inusitado?
Como conduzir relações com pessoas
Cujas ações são diferentes,
Que muitas vezes apresentam idéias
Ostensivamente opostas
Aos padrões e rótulos
Comumente aceitos?
Desligar-se desse “problema”,
É tentar calar
O que a consciência não consegue esconder.
É covardia.
É fugir ao compromisso moral
De colocar ordem nas coisas
Sem criar estigmas,
Sem discriminar ou marginalizar.
Desligar-se do problema
É, antes de tudo,
Deixar de crescer com ele.
É faltar com o respeito e com a caridade.
É truncar o aprendizado
É obstar saídas e soluções.
Diante do inusitado
Há duas situações óbvias:
Ou se cresce e amadurece
Ou se é esmagado por incompetência
Nunca por incapacidade.
E cruel é admitir
Que aí se faliu.